
Tendo como base a pacata vila de Vidago, outrora famosa pela água e o caminho do Santiago, fui presenteado por um dia frio e com o S.Pedro a ser amigo: fazendo desaparecer a chuva e trazendo os raios de sol para iluminarem um caminho traçado por entre picos e vales, com muito ver e água, desde Vidago até ao ao coração do Gerês.

Saindo de Vidago em direcção a Boticas, depois de cruzar o Tâmega, a estrada é tortuosa pelas curvas e a sua inclinação. Chegado ao topo poder-se-à pensar "valeu a pena", "é lindo". A agrura das pedras estende-se até ao rio Rabagão e à barragem de Pisões. Um espelho de água enorme reflecte o sol, as nuvens, o azul do céu, tornando aquele local paradisíaco.
Deixando o Rabagão para trás, o zigue-zague continua a até à barragem do alto Cávado: a espectacularidade dada pela dimensão do Rabagão transforma-se em
cozy pela pequenez desta barragem.

Entrando no Parque Nacional Peneda Gerês, numa zona de planalto, vamos em direcção a Pitões das Júnias e a agrura da paisagem comprime-nos: como se inspirariam os neo-realistas?!
Manadas dos melhores exemplares barrosãs saúdam-nos na estrada e quase não nos deixam continuar caminho.
Para abrir o apetite para o almoço, um pequeno
trekking para apreciar a cascata que emerge da rocha e o mosteiro. Com o sol mais forte, mais alto, visualizei o postal perfeito.

Por falar em almoço, no acolhedor Casa do Preto, devido à simpatia da dona, deliciei-me com "ceboleira" e posta barrosã, acompanhadas de um Alvarinho. O restaurante não está referenciado nos guia Michelin nem na rede
s slow food mas a qualidade do que apresenta é soberba. Ali come-se o que a terra dá, literalmente! As vacas, os cabritos e as galinhas são expostos no menu, em fotografias, passeando pelo campo e com a identificação do produtor.
Depois do excelente almoço foi tempo de rumar a Espanha, para voltar a entrar em Portugal no Lindoso.
Por Mugueimes, e Lobios vi o Lima crescer: ora largo ora estreito, dadas as barragens que criam a paisagem.

Entrando em Portugal pelo Lindoso, o rumo era o Soajo.
Os espigueiros - ou canastros, como se diz em algumas terras - erguem-se para o céu guardando os proveitos da terra. Com cruzes altas, parecem pedir a Deus que estejam sempre cheios.
O regresso foi feito pela rota do vinho verde, por Monção, passando pelo Palácio da Brejoeira.
Daí, de volta a Espanha, em direcção a Verín, e depois Chaves e Vidago.