Há muito que não viajava por estes lados e, por isso, já não estava habituado ao frio húmido que sobe dos canais e corta os ossos como se de um laser se tratasse. Quando saí do avião, afastando-me da aeronave e do calor que emana, o corpo parecia que ia enregelando, encolhendo, gastando toda a energia para se defender; depois habituou-se.
Do aeroporto ao centro da cidade fui de autocarro. Chegando, a imagem habitual da Holanda: centenas de bicicletas - meio de transporte favorito, económico e ecológico - criando uma serpentina estática e móvel por onde ziguezagueei até chegar ao outro lado da rua.
Atrás o transporte, à frente o futuro.
Como disse acima, a história da Philips confunde-se com a história da cidade e, por isso, almocei num restaurante modernista, no rés-do-chão do edifício Philips.
Com um hamburger e uma cerveja estava pronto para atravessar a rua e, nas primeiras instalações da Philips, dedicar parte da tarde a ver o museu.
Ao percorrer os corredores do museu e ao ver toda a evolução da marca tive a sensação que, anos antes, tive no museu da Mercedes em Estugarda: isto não é o museu da Philips, é o museu de uma parte importante do século XX, o século do povo.
A primeira parte do museu é uma viagem às casas do século XX.
Depois há o resto: nos anos 30 do século passado a tuberculose matava imensa gente, muitas pessoas ligadas à Philips. Dado isto, a empresa começou a aplicar a sua tecnologia à saúde, criando aparelhos de diagnóstico do mais sofisticado que existe. É negócio, claro; mas é investigação e inovação é, também, um importante contributo para a melhoria das nossas condições de vida.
Saindo da Philips, vagueei pela cidade até ao hostel. Vi gente animada, bebi cerveja e comi batatas fritas. Ouvi musica, tirei fotos a estátuas de bronze e a grafittis.
O meu hostel, central, com excelentes condições, estava povoado por um gato gordo, um cão simpático, uma tartaruga esquizofrénica e passarada. Na minha camarata, dois ingleses e um italiano; destino: Amesterdão e todas as liberdades que a Holanda oferecem.
Saí para jantar há hora em que todos já estão bastante "entrados pela noite". Carpaccio, fondue de queijo e um gelado por 15 euros, num restaurante de estudantes e atendido pela simpática Claire.
Antes de regressar ao hostel ainda fui a tempo de beber mais umas cervejas ao som de uma banda rock que tocava covers dos anos 80.
Escrevo do comboio, em direcção a Amesterdão. Para trás ficou Eindhoven, uma cidade que aconselho a visita, uma cidade que se confunde com a história de uma marca: Philips.
Sabem o que quer dizer o "P" do PSV Eindhoven?