Um sol radiante e quente brindou-me com a sua presença o dia todo. Cariño estava bonita e todo o percurso até ao Faro de Bares foi feito a disfrutar a paisagem que oscilava entre promontórios e a Ria de Ortigueira com inúmeras praias de areia branca e mar azul.
No Faro de Bares, junto a umas antigas instalações militares, algumas pessoas ainda pernoitavam nas suas autocaravanas quando lá cheguei.
Com uma cúpula em vidro, o farol é bonito e da Punta Estaca pude ver, à esquerda, o Cabo Ortegal e as eólicas por onde tinha passado ontem. À direita, parte do que se ía desenrolar no dia de hoje: Punta Roncadoira e Cabo San Cibran.
Dali, acompanhando as rias de Barqueiro e de Viveiro, fui à localidade de Faro; subi ao monte, e na descida tomei uma estrada por uma praia de surfistas que me fez chegar ao farol.
Ao fundo umas gaivotas também deveriam almoçar, dado os voos rasantes que faziam no mar calmo, entre barcos de pescadores e velas.
Dois faróis e a Praia das Catedrais e tinha a viagem que estava planeada dada como terminada.
A partir de San Cibran terminou o país encantado, com florestas e praias lindíssimas e paisagens que exigem silêncio para as contemplar, de tão belas que são. Dali até Ribadeo, a fronteira da Galiza com as Astúrias, vê-se aquela Espanha que estamos habituados quando cruzamos a fronteira em Valença: casas feias, sem graça nenhuma e uma costa aberta sem montanha por perto.
É uma praia com a rocha recortada e formando abóbadas como que se se tratassem de catedrais góticas.
Contudo, do topo, caminhando pela falésia, podemos ver toda a praia e observar os arcos que lhe dão o nome.
Da praia, pela costa, em versão mista de pouco asfalto e nenhum asfalto, fui até ao Farol de Ribadeo.

E agora?! 1.000.000 USD question.
Qualquer que fosse a resposta teria que chegar, pelo menos até Gijon.
Mas antes disso, entrando nas Asturias, há que ver faróis asturianos.
O primeiro que aparece é logo ali à frente em Tapia de Casariego. Um farol sem graça nenhuma, igual a outro que vi durante a tarde.
Contudo, não sei se pelo nome italiano da vila ou não, havia ali muito de Positano. Por isso, para meditar na resposta de um milhão de dólares, nada melhor que parar, comer percebes e beber um fino ou dois.
Passei ali parte da tarde a ver os barcos de pesca e a deliciar-me com umas percebes fresquíssimas.
Enquanto pensava sem conseguir ter a resposta correcta, ligou-me um Xavier a falar de algo que ainda não sei bem o que seria. Por isso Xavier, começa a pensar onde vais pagar o jantar de Sábado!
Entrando nas Astúrias voltamos a ver algo diferente: campos com plantações de milho e muitas vacas a pastar no prado; fiquei com a sensação que tive nos Açores: os asturianos vivem do mar ou da agricultura? Certamente dos dois, e tornam a paisagem muito agradável e pacífica.
Embalado pelas percebes e pelas cervejas, segui para o Cabo de San Agustin – lembro-me do nome porque é o mesmo de um baterista do Julio Iglésias, numa música que gosto bastante ( e que não é do Júlio, ele faz apenas e só um cover com um sotaque à Tony Silva).
De San Agustin vê-se o farol de Busto mas, pelo meio, fica o de Luarca: uma bela surpresa.
A seguir para Busto, já sem bateria no telefone para confirmar o GPS e sabendo que deveria seguir duas estradas – N634 e, depois N632 – enganei-me e fui para a outra vila ao melhor estilo italiano, com os barquinhos no mar e a vila a erguer-se por uma escarpa e a estrada em carrocel em torno dela.
Numa curva mais apertada, de frente para o mar, o farol, antigo, indica aos pescadores onde está a porta de casa.
O farol de Busto é tão desinteressante como o de Tapia e, para se chegar até ele, anda-se por uma estrada estreitíssima entre vacarias, onde o cheio a natureza é inigualável.
Oviñana também tem pouco para ver, e fui enfadado para o Cabo de Peñas.
A melhor paisagem para terminar o dia: com o sol a pôr-se, o mar toma tons de dourado e do alto da escarpa em frente ao farol, escalada como se de uma cabra montesa se tratasse, o farol imponente toma conta do golfo da Biscaia. Premonição número um.
Do Cabo Peñas, maravilhado com a paisagem, após uma simpática conversa com um grupo de espanhóis, segui para Gijón.
Dos hotéis de uma a quatro estrelas, não havia uma cama (não encontrei nenhum de cinco estrelas para perguntar).
A melhor opção seria seguir para Oviedo, afastando-me da costa.
A caminho de Oviedo, obras ou um acidente, causame uma fila na estrada e decidi sair para outra estrada em direcção a Santander quando, numas luzes brancas e rosa, vejo um hotel de beira de estrada. É já aqui!
Não tinham quarto. Mas indicaram outro a um quilómetro de distância, ao lado de luses rosa, típico das estradas espanholas.
Assim, às dez da noite, cheguei ao quarto, o mais caro da viagem e o que tem menos qualidade, tendo uns camiões e autocarros à porta e estando a algumas dezenas de quilómetros do mar. Premonição número dois.
Como gastei o dinheiro do jantar no almoço, sentado numa secretária, comi um bacalhau com feijão-frade; delicioso. E sentei-me a escrever.
A resposta à questão “e agora?!” tinha três hipóteses: ou ir directo a casa, ou ir aos Picos, ou tentar chegar a Biarritz fotografando o resto dos faróis.
Estava inclinado para Biarritz e a vontade de voltar a percorrer a belíssima costa basca. Mas são quatrocentos e cinquenta quilómetros, em para arranca para tirar fotos, que, para um dia, iam ser muito complicado.
Com a ocorrência a empurrar-me para dentro, amanhã sigo para os Picos e, depois, para Puebla de Sanábria e entro em Portugal em Bragança.
Por isso Xavier, vai pensando!
Hola Joao. Fue un placer poder conversar contigo. Continúa recorriendo kilómetros de aventura
ResponderEliminarSaludos