sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

14.1.16 - Eindhoven

Na porta do museu da Philips pode-se ler algo como " 90 anos de design". E Eindhoven é isso mesmo: design, confundindo-se a história da cidade com as tendências das commodities desenvolvidas na cidade. Mas já la vamos.
Há muito que não viajava por estes lados e, por isso, já não estava habituado ao frio húmido que sobe dos canais e corta os ossos como se de um laser se tratasse. Quando saí do avião, afastando-me da aeronave e do calor que emana, o corpo parecia que ia enregelando, encolhendo, gastando toda a energia para se defender; depois habituou-se.
Do aeroporto ao centro da cidade fui de autocarro. Chegando, a imagem habitual da Holanda: centenas de bicicletas - meio de transporte favorito, económico e ecológico - criando uma serpentina estática e móvel por onde ziguezagueei até chegar ao outro lado da rua.
Atrás o transporte, à frente o futuro.
Eindhoven foi uma cidade fortemente fustigada na Guerra - invadida pelos alemães e bombardeada pelos aliados - e, por isso, salta à vista a modernidade do Plano Marshall, reflectido nos edifícios: casas, escritórios, lojas, museus, espaços artísticos; misturado com o que ficou de igrejas e os seus coloridos vitrais e pequenas casas que hoje constituem o centro histórico e de diversão por excelência: pedonal e com muita vida.
Como disse acima, a história da Philips confunde-se com a história da cidade e, por isso, almocei num restaurante modernista, no rés-do-chão do edifício Philips.
Com um hamburger e uma cerveja estava pronto para atravessar a rua e, nas primeiras instalações da Philips, dedicar parte da tarde a ver o museu.
Ao percorrer os corredores do museu e ao ver toda a evolução da marca tive a sensação que, anos antes, tive no museu da Mercedes em Estugarda: isto não é o museu da Philips, é o museu de uma parte importante do século XX, o século do povo.
O museu da Philips, além de mostrar como se construiram as primeiras lâmpadas, é um museu de commodities, de utensílios domésticos que todos tivemos nos nossos lares: desde a máquina de barbear ao leitor de CD, passando pelos rádios e televisões, gira-discos portáteis, aspiradores, gravadores de cassetes. Imaginem uma feira de artigos vintage, mas novos, e têm o museu da Philips; ou então, se preferirem, os Jetsons ou alguns filmes do 007.
A primeira parte do museu é uma viagem às casas do século XX.
Depois há o resto: nos anos 30 do século passado a tuberculose matava imensa gente, muitas pessoas ligadas à Philips. Dado isto, a empresa começou a aplicar a sua tecnologia à saúde, criando aparelhos de diagnóstico do mais sofisticado que existe. É negócio, claro; mas é investigação e inovação é, também, um importante contributo para a melhoria das nossas condições de vida.
Saindo da Philips, vagueei pela cidade até ao hostel. Vi gente animada, bebi cerveja e comi batatas fritas. Ouvi musica, tirei fotos a estátuas de bronze e a grafittis.
O meu hostel, central, com excelentes condições, estava povoado por um gato gordo, um cão simpático, uma tartaruga esquizofrénica e passarada. Na minha camarata, dois ingleses e um italiano; destino: Amesterdão e todas as liberdades que a Holanda oferecem.
Saí para jantar há hora em que todos já estão bastante "entrados pela noite". Carpaccio, fondue de queijo e um gelado por 15 euros, num restaurante de estudantes e atendido pela simpática Claire.
Antes de regressar ao hostel ainda fui a tempo de beber mais umas cervejas ao som de uma banda rock que tocava covers dos anos 80.
Escrevo do comboio, em direcção a Amesterdão. Para trás ficou Eindhoven, uma cidade que aconselho a visita, uma cidade que se confunde com a história de uma marca: Philips.
Sabem o que quer dizer o "P" do PSV Eindhoven?