segunda-feira, 29 de outubro de 2018

19.10.18 - Dubai | Hatta | Kalba | Dubai

Apesar de ser "outono", o calor aperta e no meio da cidade do Dubai, com milhões de ar-condicionados a funcionar, por vezes as ruas tornam-se penosas sob a luz do dia. Mas para conhecer os Emiratos deve-se sair das grandes cidades e mergulhar no interior.
80% da população do Dubai são expatriados e, por isso, toda esta mescla cultural de mais de 200 nacionalidades, destacando-se a Índia e o Paquistão, com 25 e 12% da população total do país. E são pessoas destes países que se vêm às 5 da manhã em autocarros brancos a chegar às obras e aos serviços menores. Não são clean and shining; são autocarros simples, brancos, sujos que transportam gente simples e suja; mas não branca.
Ou quando se sai da cidade, vêm-se as suas casas, nas saídas mais reconditas das autoestradas: são blocos de apartamentos todos iguais onde se vêm milhares de fardas azuis e castanhas a secar nas janelas.
Foi isto que deixamos para trás quando nos dirigimos a Hatta, pelo meio do deserto, no encalce das montanhas rochosas.
Pouco depois de cruzarmos um erg, perto de Al Madam, assaltou-me a ideia de chegar a Hatta por um caminho menos convencional, digamos!: abandonamos a estrada principal e fomos pelo meio de umas plantações até que, depois de uma cáfila, abandonamos o asfalto e entramos na montanha por um caminho de terra batida.
Foram mais de 30 Km onde o pequeno Nissan Sunny portou-se como um UMM!
Os pneus é que não e, para um indiano que se encontrava por lá a trabalhar, foi um regalo ver a nossa coordenação ao mudar a roda em menos de 5 minutos.
A pisar a superficie lunar foi assim que nos sentimos... não estivesse ali ao lado uma enorme vedação que acompanha todos os vales e picos, relembrando que a terra é dividida entre os EAU e Omã.
Com a aventura do dia no papo, a viagem prosseguiu até à vila que acolhe uma barragem e uma parte da representação histórica dos Emiratos: um lago com kayakes para alugar e a imagem dos líderes pintada no muro da barragem que, a avaliar pela altura da água e pela precipitação, irá cair de podre sem nunca ter exercido a sua função. 
A representação da história do país é um conjunto de casas onde outrora foi uma torre de menagem e onde montaram cenas da vida quotidiana.
A fome aperta e Hatta fica na região montanhosa no meio do país. E lá longe, no mar, fica Kalba.
O caminho mais perto e rápido seria entrar em Omã e depois sair na fronteira de Kalba. Mas não estamos na velha Europa e atravessar a fronteira poderá levar o tempo e a vontade de almoçar.

Kalba é uma original cidade Emirati, com uma grande bandeira na primeira rotunda e que fica visível de toda a extensão da enorme avenida que acompanha a ria e o palmeiral.
Aqui não há prédios altos e os Bentleys e G AMG são substituídos por Lexus LS 400 e Mitsubishi Pajero, dourados e com miras no capot a imitar os antigos mercedes.
As pessoas vivem da agricultura e da pesca e isso é visível na paisagem e na gastronomia; na estrada marginal são visíveis os pescadores na sua arte xávega.
Parámos o carro e pudemos assistir ao puxar de redes, snedo um pouco diferente da "nossa": um barco lança uma rede de arrasto que forma um U na costa. Depois, da praia, dois velhos Toyotas puxam a rede fechando o U e trazendo tudo o que há para trazer

Há dias, 107 forgonetas de peixe, disseram-nos. Mas hoje, nem uma...
Na rede vinham duas tartarugas gigantes da sua velhice. Foram devolvidas ao mar e, segundo me contaram depois, porque estavam estrangeiros a fotografar; caso contrário iriam parar a algum souk para serem vendidas a peso de ouro!
Passando pelo mercado, é possivel observar o almoço: dourada, barracuda, espadarte, tubarão (uma espécie de cação), lavagante, cavaco, lulas do tamanho de um bucho de um boi!
Com o pôr do sol do lado do Dubai, foi tempo de cruzar Fujairah - uma cidade que está a crescer e que parece o Dubai de há 20 anos atrás - e entrar na autoestrada que cruza montanhas e deserto, em direcção à cidade nova.
 Ir do deserto e entrar no Dubai, dá aquela sensação de far west. Se escutarmos o Legendary Tiger Man, então ainda fica mais giro!

sábado, 20 de outubro de 2018

12.10.18 - Abu Dhabi

Amigo do meu amigo meu amigo é. Fui sempre assim, uma vezes melhor outras vezes pior, mas a natureza é essa mesmo.
Com este princípio fui com o Negrais até Abu Dhabi para visitar um amigo que está cá a trabalhar há vários anos: o Fernando.
Depois das apresentações feitas, foi traçado o objectivo da visita: ver o Palácio, a Mesquita e, pelo meio, uma ida à praia. o Circuito de Yas Marina fica para outra ocasião... provavelmente para a F1.
O Palácio onde se dão as recepções oficiais em Abu Dhabi fica ao lado do Palácio onde mora a família real e em frente aos poucos arranha-céus que existem na cidade; onde foi filmado um dos filmes da saga (ou chaga!) Fast and Furious.
É imponente, com fontes e jardins e o palácio um sitio mais elevado do que a entrada.
No interior abundam os dourados e os candelabros, tapeçarias, joias expostas.
Também há lojas e dois hóteis. Ou seja, toda aquela vivência da corte viver em comunhão com o Rei, como se lê nas histórias dos nossos tempos idos, aos dias de hoje e fora as monarquias europeis e os sistemas tribais africanos, é feito num hotel. 
A ideia não é má, recria-se o mesmo ambiente e todos já sabem, à partida, quanto irá cobrar o Sheikh Nahyan por essa convivência.
Depois da visita, com a fome a apertar, nada como ir a uma padaria portuguesa, de gentes de Loulé, que trouxeram até Abu Dhabi a tosta mista, a Francesinha, o Bacalhau. Tudo confeccionado na hora e com grande afluência de portugueses e outros expatriados.
Com a barriga cheia, fomos à praia. Supostamente é pública mas pagámos 6 euros para entrar. Mesmo assim, nada comparado com os clubes que cobram 70 euros para se poder dar um mergulho no mar.
Abu Dhabi é uma cidade mais clean que o Dubai, sem tantos arranha-céus; uma cidade que respira melhor. Mas as assimetrias socias estão todas lá e pequenos exemplos como este da praia relembram-me que, apesar dos nomes das celebridades que volta e meia aparecem por aqui, do nome dos arquitectos nas fachadas, dos supercarros, isto continua a ser um país de terceiro mundo.
Depois de uma excelente almoço num restaurante de uns australianos, com direito a cerveja e tudo, foi tempo de ir à Mesquita.
Linda!

É o melhor que se pode dizer do edifício branco, ilumunido por tons de azul, que fazem sobressair as abóbodas na noite estrelada.
Como não sou uma pessoa religiosa, consigo ter a mesma paz de espírito numa mesquita como numa igreja ou nos templos hindus. É bom! E avaliando as centenas de pessoas que lá estavam, de todas as raças e certamente de todos os credos, não serei o único.