domingo, 6 de novembro de 2016

30.10.16 - Ammaia | Marvão

O sol ia alto quando acordei na Casa da Eira, no topo da Rampa de Portalegre, dividindo os concelhos de Portalegre e Marvão.
Antes deste domingo soalheiro foram dias de competição que me trouxeram a vitória na Baja Portalegre 500, no Desafio Polaris ACE.
Em pleno Alto Alentejo, mesmo no alto do seu planalto, além de competir também há que aproveitar o melhor que a terra dá: a paisagem, a gastronomia, a cultura destas gentes.
Melhores paisagens do que as que tive em prova, cruzando campos e rios, acelerando ao lado de touros e cavalos, vendo aves de rapina ao longe, num misto de competição e aventura que tanto gosto e que nos remete aos primórdios dos ralis.
Também nível gastronómico, a Baja Portalegre 500 é uma autêntica festa: a seguir ao Dakar é a prova mais conceituada no mundo, é a última do campeonato, toda a gente quer participar e são milhares na beira da estrada a ver.
Há melhor gastronomia do que uma mesa repleta de gente com estórias a contar? Com muitas experiências de vida, com rugas de tanto sorrir, com a pele queimada por todos os sóis. E esta mesa existiu, no Tomba Lobos e no Mil Hómens, nas roulotes de bifanas, na simpática cozinha da Casa da Eira.
Hoje domingo, já não há festa.
Mas estar em Portalegre e não ir ao Marvão, é uma flor que não floresce.
Descendo da Casa da Eira em direcção à Portagem, um pouco antes de se chegar, deparamo-nos com mais um vestígio civilizacional da época romana na Península: Ammaia.
Uma autêntica cidade está a ser descoberta e está-nos a contar a história dos romanos por volta do ano 45 dC até 166 dC.
O Alentejo é rico nas civilizações que albergou e os templos romanos e as técnicas agriculas e de rega herdadas dos árabes são prova disso. Ali ao lado, em Castelo de Vide, séculos mais tarde,  estiveram os Sefarditas, tarnsformados em Cristão Novos.
Em Ammaia podemos observar objectos em metal e em vidro, com um estimável estado de conservação, provando que há 2000 anos atrás as técnicas usadas eram muito avançadas.
No museu observam-se miniaturas de filigrana e botões contando o quotidiano dos habitantes, com uma precisão extrema.
Fiquei maravilhado com estes descendentes de Tubalcain!
A cidade era grande e pode-se passear pelo campo das escavações, com um total de 25 hectares. A algumas ruínas junta-se o melhor que a natureza oferece e o passeio no campo é muito enriquecedor.
Com o sol no alto e uma ave de rapina a estender as suas asas para planar ao sabor do vento, foi hora de subir pelo zigue-zague que vai da Portagem até ao Marvão.
 Há sempre um recanto novo, uma sombra, um pouco mais que se vê no horizonte.
Entre casas caiadas e outras que de desfeitas que estão dão um ar romântico à Vila, foi com um sorriso que regressei a casa.




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