segunda-feira, 1 de maio de 2017

27.4.17 - Merzouga | Rissani | Erfoud

Tinhamo-nos deitado, uma vez mais, com um manto de estrelas por cima de nós, com sonhos e imensos planos: de viagem e pessoais.
O primeiro plano era acordar de madrugada para ver o nascer do sol no Erg Chebbi, sentir a imensidão do deserto, sermos os primeiros a receber a luz e o calor da nossa estrela.
Bem pensado, melhor executado; porque foi com alegria que caminhamos pelas dunas até nos sentarmos lá no alto à espera do astro.
Aos poucos e poucos, a luz foi surgindo a oriente e iluminou as montanhas de areia - 12 km de largura que tem o Erg - e, ao fundo, a Argélia.
Foi tempo de fotos, vídeos e sorrisos. Ficou o desejo de descer as dunas de ski, numa versão 80`s da coisa.
Ficou o desejo de voltar.
De regresso ao hotel, de regresso às motos, era tempo de retomar a aventura.
Atestados de gasolina e água, o destino eram as Gargantas. 280 km de caminho por asfalto para ver uma falha geológica por uma estrada cénica.
Pouco mais de 40 km percorridos, ao cruzar Rissani, a minha embraiagem  cedeu novamente e, desta vez, de vez.
Paramos ao lado da última casa de Rissani, numa sombra, e no mesmo instante apareceram uns miúdos. Passado um minuto, o pai deles também e sentou-se numa cadeira em frente à porta a ver-nos.
Enquanto eu falava para a Zurich, o resto da malta falava com o senhor. Depois liguei com o Zaid a fazer queixa do trabalho do Mustafa e passado 30 segundos o Mustafa estava a ligar a dizer que estava em Rissani. Apareceu, era amigo do vizinho do senhor que estava sentado à porta de casa e que já dera ordens para nos sentarmos com ele a beber chá. Respeitava o homem que nos acolhia porque ele é o chefe militar daquela zona. Com tamanha atrapalhação, com telefonemas aos gritos em árabe e puxando os galões, percebemos que o homem controlava tudo e conhecia quem nos vinha rebocar e quem iria, ao serviço da Zurich, tentar arranjar a moto em Erfoud e depois recambiá-la para Portugal.
Trocamos contactos e oferecemos um chapéu da Eni, para recordação. 
Em Erfoud, passamos a tarde num café em frente à Garagem Central à espera de uma decisão de Portugal sobre o que iria acontecer. E esperamos e esperamos... Até que um menina simpática disse-me que iria de avião para Lisboa e a moto de camião. Para ficar descansado que o colega que a iria substituir no turno estava a par de tudo e num instante vinha para casa. Ficou em Erfoud e o resto do grupo seguiu para as Gargantas. Deveriam ser cinco da tarde...  
E passarem três horas sem que o colega da simpática senhora me tivesse ligado e quando ligou não tinha grande coisa a dizer a não ser uma falta de educação atroz para quem está à frente de um serviço de excelência. Enfim!
Podia ser um filme do Kusturica mas é apenas Marrocos e eu.
Às dez da noite estava com as malas da moto e todo o equipamento que transportava, num hotel que em outras época deveria ser grandioso, com muitos dourados e uma grande piscina. Hoje em dia cheira a mofo e os armários estão escancarados. É o que há! que amanhã seja melhor.






  


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