sábado, 10 de novembro de 2018

10.11.18 - Teerão


Hoje o sol inundou a minha janela e, ao contrário de ontem, a roupa parecia de mais.
Pequeno almoço tomado e checkout feito, aventurei-me sozinho no táxi até ao Bazar.
O trânsito estava infernal e o taxista não falava inglês. Para me ir sossegando sobre a viagem falava para uma aplicação que traduzia para inglês. Mas foi o único.
O Grande Bazar é mesmo grande!
Um labirinto de 8 km com edifícios construídos de forma contígua e une-os um telhado mal amanhado de chapa ondulada.
Aqui vende-se de tudo! Tudo mesmo, deixando Belmiro Azevedo pensativo sobre o poderio da Sonae na grande distribuição ou fazendo tirar o pio dos cantores ao desafio, na conhecida “tenho uma casa importante, de comercio em Portugal”, que o Ferreira cantava em Cidacos: perfumes, roupa, legumes, vegetais, autorrádios, tripés para câmeras fotográficas, roupa, ouro, falsificações de todas as espécies, radiadores, relógios, colares, bugigangas, colchões, panelas, livros, flores de plástico, dvd`s, brinquedos, aparelhagens Hi-fi, ferramentas; cansa-me só de pensar!
Tanta coisa que o mercado que vi ontem e os souks do Dubai parecem cozy!
Deixando o mercado para trás, no meio do trânsito e com outro taxista, combinei uam viagem dupla: até Azadi e depois ao aeroporto. O homem disse-me que sabia falar inglês… mas entre dizer e falar a diferença eram um ou dois oceanos.
Até Azadi não houve problema e pude ver o monumento que simboliza o Irão.
Depois começaram as complicações quando me apercebi que o homem me levava para o antigo aeroporto e não para o recente (12 anos!).
Foi lá que a aventura de Argo se passou, mas eu não estava em posição de viver o destino dos diplomatas americanos e queria mesmo o meu voo da Air Arabia, em vez do da Swiss Air.
Resolvida a situação através de mapas e aplicações mobile, quando o taxista se apercebeu que iria cobrar o dobro, foi vê-lo recostar-se no banco, tirar uma bolsa castanha do porta luvas de onde sairam os óculos de sol cheios de dedadas nas lentes, coloca-los e conduzir mais 50 km.
No aeroporto foi-me dada nova dose de paciência: mesmo com 4 horas de antecedência, estava a ver que não conseguia chegar ao avião a tempo.
No controlo de passaportes não me aceitavam o bilhete electrónico e disseram para ir a um net café para imprimir o mesmo; depois de impresso, foi dito que não servia e tinha que ter um tradicional bilhete; e lá fui eu para o meio de umas burcas mal cheirosas, com cobertores enrolados e amarrados com cordas a fazer de bagagem, sacos de sarapilheira cheios de tudo o que se possa imaginar desde farinha a bonecas do tamanho de um adolescente, barulhentas e uma prole e marido a condizer.
Depois de me deixarem sair do país, novo controlo de segurança que tive que passar 3 vezes: da primeira vez perguntei se tinha que tirar o pc da mochila e mandaram-me seguir, para logo me mandarem para trás para tirar o pc da mochila; depois mandaram-me novamente para trás porque apesar de não ter acusado nada tinha as sapatilhas calçadas! Haja paciência para não os mandar a todos para o sítio que merecem!
O Irão é um país bonito, que vale a pena visitar. Quero voltar! Não vi a antiga embaixada dos EUA - a guia preferiu paisagens e monumentos que honram a Pérsia, em vez de outros que são símbolos da revolução de 79 - nem o Museu das Jóias.
Quero ir aos desertos, a Shiraz, Kerman, Qeshm, Zanjan, Yazd.
O país tem recursos naturais, pessoas simpáticas e culturalmente avançadas. É governado por uma elite religiosa que usou fake news para, nos anos 70, organizar uma revolução e retirar o poder aos Xás.
Tinha tudo para ser um país exemplo no médio-oriente e no mundo, sem o esforço de maquilhagem que fazem os Emiratos ou o Qatar; mas parece que fazem de tudo para não o serem. É pena.







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