Quem é que nunca jogou o Prince of Persia?! Provavelmente são muito novos; ou quem nunca viu as estórias do Aladino e dos tapetes voadores?! E as princesas com joias do tamanho do mundo?!
Estando eu no Dubai a capital do Império Persa está “ali ao lado”, a duas horas de avião.
Teerão é, para mim, um marco da geopolítica internacional e visitá-la antes de mais uma asneira de Trump, é obrigatório. Ainda por cima Trump nunca deixa ninguém ficar mal quando se trata de asneiras que alteram de sobremaneira a relação entre estados soberanos.
Do lado iraniano as asneiras também são frequentes, como nos mostrou o Tenente Frank Derbin, da polícia de Los Angeles, numa tirada de humor que ainda hoje me leva às lágrimas.
O hotel era imponente, de 5 estrelas, uma marca dos idos anos 80. Mas fora as estrelas na fachada e a recepção, tudo o resto era digno de uma pensão estrelinha. Era para dormir meia dúzia de horas e tomar banho. Por 30 euros não se pode pedir muito e ainda por cima com os empregados de libré e todos aqueles dourados dos primeiros filmes do 007.


No meio, jardins bem cuidados, com lagos e fontes refrescam os dias mais quentes no verão.
Todo o bairro onde se encontra o palácio e que segue pelo Bazar, apresenta os mesmos tons verde e azul, contrastando com o amarelo do tijolo.
Nos prédios e murais é frequente ver-se a cara dos Ayatolas e Imãs, além de pinturas sobre a grandeza do Irão e palavras de ordem contra os Estados Unidos. Apesar disso, a Coca-Cola vende mais que a Super Bock em dias de Queima e nas montras oficiais e nos vendedores de rua - além dos pés, como é obvio! – a Nike, camisolas a dizer US Army e fatos de treino dos LA Lakers tem lugar de destaque. Percebem?!


Será que todos os reaccionários iranianos se juntaram para me falar, porque reconheceram em mim um social-democrata ou será que a população já pensa assim e isso demonstra a caducidade do governo religioso?
Fechando o parêntese e voltando à viagem em si, o Grande Bazar estava fechado por ser dia religioso mas de metro, percorrendo meia cidade, pude ir ao tradicional e mais pequeno Bazar de Tajrish.

No meio desta gente dizer que sou português é sinónimo de júbilo por causa de… Carlos Queiroz. Os iranianos são aficionados pela bola e Queiroz é um deus nestas terras. Já Ronaldo, apesar de dizerem que é o melhor jogador do mundo também, dizem que não é desportista porque não sabe perder. Lá terão a sua razão; digo eu que não percebo grande coisa de futebol e não vi nenhum jogo do mundial.
Ao meio dia, em plena hora de oração, visitei a parte masculina da mesquita do Imã Zadeh Saleh. Em alabastro verde e prateada, bonita, é um local a ter em conta; não fosse o calor e cheiro intenso devido às centenas de pessoas que estavam no local, era um local de meditação.

Com o estômago retemperado e novas energias reforçadas, foi tempo de mais um táxi velho e um velho taxista rezingão até à montanha.
Teerão é rodeado por montanhas e o contraste entre a cidade altamente populosa e o rochedo salpicado de branco e por onde brota água, tornam-na quase única, como Marraquesh. O empedrado e as casas que se percorrem em Darband lembraram-me Águas Calientes e o meu amigo Viana, além da aventura sul americana.
Em Darband params para tomar um chá, num dos muitos cafés em cima do estreito rio. Quando o emregado percebeu que eu era português, trouxe para a mesa uma bandeira das quinas. Simpático!

O Museu do Cinema é numa casa do sec. XIX que pertencia a um antigo ministro e que tem um um jardinzinho e vive-se uma onda muito cool, com jovens com ar hipster.
A torre da Milad, uma das mais altas do mundo, permite uma vista de 360º sobre Teerão; tem um museu e um restaurante giratório. O pôr do sol deveria ser lindo mas foi-se enquanto comprava os bilhetes e aguardava na fila para subir. Lá do alto, apenas a noite e luzes aos milhões.
Último destino de sexta-feira: a Natural Bridge. Bem, de natural não tem nada e é uma estrutura de aço, moderna, iluminada de verde e que une dois jardins, por cima de uma movimentada avenida. Apesar do frio as pessoas passeavam pela ponte, entre os parques, conversavam, fumavam, ouviam musica e os miúdos praticavam hip pop e andavam de skate.
Negar é simpática e bem disposta e, sobretudo, uma persa apaixonada pelo seu país. Foi uma grande ajuda nesta visita relâmpago; mas amanhã terei que andar sozinho…
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