quarta-feira, 8 de maio de 2019

2.5.19 - Chaves | Cistela | Seixas | França | Lago Sanabria | Puebla Sanabria


Chaves ficou para trás e, com isso, o verde do Parque Nacional da Peneda Gerês, com as suas arvores seculares, e que albergam as mais variadas espécies animais.
Ia entrar em terra inóspita, um retrato de Torga, onde, em estradas estreitas, me cruzei com manadas da bela carne barrosã, alguns rebanhos e, acompanhando-me no ar, inúmeras aves de rapina. Que não sejam abutres, pensei eu com os meus botões!
Com a falta de gasolina do dia anterior, decidi ir mais devagar, para não me acontecer o mesmo.
Entrando no Parque Nacional de Montesinho, depois de uns quilómetros na N103 até à Pedra Bolideira e, depois, em estradas municipais até São Vicente começou um sobe e desce por um manto rosa e amarelo, da alfazema e das maias, misturado com o vede escuro da urze e o cinza granítico. É, efectivamente, o Portugal profundo, raiano, terra de contrabando por entre fragas, penedos e riachos, com Espanha sempre ali ao lado.
Uma placa ferrugenta indicava Cisterna e Espanha. Primeiro fui a Cisterna e depois dei o salto.
Cisterna são duas encostas de um monte com um riacho no vale e a igreja ali ao lado. As casas de pedra bruta têm memórias; certamente nada mais porque a aldeia estava deserta, Fiquei ali largos minutos a contemplar aquilo que parecia ser um cenário de um western da Cinecittá. Ninguém apareceu.
Ao sair da aldeia, por uma estrada estreita, apanhei gravilha e a roda da frente vacilou. Vi todo o filme de eu a cair estatelado de costas no chão, a 70 km/h. A moto segurou-se, eu segurei-me à moto com o punho enrolado no acelerador e tudo aquilo não passou de um valente susto.
Do lado de la da fronteira, além das estradas serem piores com mato a entrar pelas bermas e uma placa com Portugal riscado a azul, nada a registar.
Continuei cantarolando coisas dos Rio Grande, sobre o sonho ser mais bonito para lá do Guadiana.
Cruzando o Rio Rabaçal, seguiram-se Pinheiro Novo, Pinheiro Velho, Seixas, Vilarinho das Touças, Cerdedo, Casares, Miomenta, Mofreita, Parânio, até França. Num adestas aldeias parei a moto e desci para tirar um foto a um rebanho. Ainda de capacete na cabeça, senti algo a tocar-me: era o piloto a pedir festas, empoleirado com as patas da frente na minha barriga. Fiz… e ele não largou mais. E estive ali, a brincar com o cão, com as ovelhas e o pastor à nossa volta.
Chegado a França, tirei a foto da praxe e segui rumo ao Lago de Sanábria, por uma estrada vertiginosamente linda, que já tinha percorridonoutras aventuras. Cruzei Puebla de Sanabria e fui directo aos lagos de montanha.
Lunch with a view: numa esplanada, em cima da areia, de frente para um lago enorme, rodeados por montanhas que apresentavam montinhos de neve topo. Lindo!
Continuei a subir até ao Lago dos Peces, onde caminhei pelo meio da urze, das vaca, dos cavalos selvagens. Dei a volta ao lago, fotografei, sentei-me a mirar a obra de um grande arquitecto.
Quando era fim do dia, desci para Puebla: uma vila com vestígios da idade média, defensiva com o seu castelo altaneiro. Decidi pernoitar lá, o que se revelou um erro. Porquê?! Hostal Tribal: risquem do mapa.





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