domingo, 4 de agosto de 2019

30.7.19 - Sintra | Alcácer | Alcaçovas | Alqueva | Pulo do Lobo | São Domingos | Mértola | Alcoutim


Com Royal Enfield escrito na lateral da moto – um aspecto retro que transporta o heritage da marca britânica, o depósito com uma pintura camuflada de cinza -, senti-me um T.E.Lawrence ou o Steve Mcqueen. Encarnei o a personagem e a Oscar by Alpinestars encarregou-se do look. 
Sintra foi o início e o fim da viagem, uma das pontas de um triângulo que desenhei no mapa de Portugal. Mas por agora, Sintra foi só o local de recolha da moto e, até Alcácer do Sal, não há nada a referir porque foram 120 km  de autoestrada.

Assim, de Alcácer tracei uma linha recta directa ao Alqueva: Alcáçovas, Viana do Alentejo e Portel. 
Como já tinha comprado um chocalho em Alcáçovas quando, há anos, fiz a N2, a ideia era não parar... mas fi-lo mesmo à saída da Vila com o badalo mais conhecido, porque vi um mural pintado por crianças, onde se vêm os heróis da revolução: o povo e o MFA de braço dado. Tinha que ficar com o registo!
A Endfield, é uma moto com motor qb para aquilo que foi concebida - por comparação grosseira, poderia dizer que se fosse um automóvel era um dos novos SUV citadinos -, muito ágil e fácil de manobrar. 
A fundo, por planícies cobertas de trigo e vacas, ia cantarolando músicas dos Rio Grande. Jorge Palma, Rui Veloso, Vitorino, João Gil e Tim. Um projecto musical dos meus anos 90, da minha juventude, onde o Alentejo era o pano de fundo às letras do João Monge. 
Voltando à condução - com o tempo de cantorias já tinha chegado ao Alqueva! -, no grande lago revi alguns percursos da minha estreia no Adventure Days, e andei algus quilómetros fora de estrada a acompanhar o manto de água; estava quente e convidou a um mergulho antes de almoço! 
A barragem do Alqueva mudou a paisagem e mudou a economia do Alentejo: onde outrora estavam campos secos, hoje florescem oliveiras e oliveiras e oliveiras.
Cruzei Serpa e o termómetro marcava 42º.
No Pulo do Lobo também. Mas depois de me deliciar a conduzir na estrada de terra que nos leva até à fraga esculpida por algum arquitecto do mundo e onde passa o Guadiana, com tamanha emoção por estar sozinho naquele lugar único, enóspito, de tranquilidade, onde a água se aperta por entre as rochas, não era o calor que me iria incomodar. 
Em S.Domingos, constata-se a desertificação do interior ao ver-se as inumeras casas e oficinas abandonadas dos mineiros. Onde estará aquela gente, para onde foram as famílias? 

Entre poços, uma mina inundada de água roxa e grandes ruínas industriais, o local foi o ideal para fotos: uma mistura entre Far West do Trinitá a revolução industrial.
A viagem para a ponta sul do meu triângulo mostra como foi importante a presença dos árabes no sul da Península. Ficaram os nomes,
tradições, técnicas de regadio, sabores, temperos. Será uma tajine assim tão diferente de uma cataplana?
O Parque Natural do Guadiana eleva-se de Serpa até Alcoutim e eleva o nivel de condução e de misticismo da viagem. 


Sem comentários:

Enviar um comentário