segunda-feira, 23 de maio de 2016

20 | 21 | 22.5.16 - Adventure Days

Desde o início do ano que tenho andado meio fugido deste blog; mea culpa: foi preguiça, foi esperar pelo telefone que não tocava, foram roadtrips por estradas que já aqui descrevi, uma snowtrip pela Áustria e Suíça, outra para um casamento em Valência. Foi o início - e que início!! - da aventura no TT e o tempo que demora colocar um projecto daqueles de pé.
Estou de volta!
Sexta-feira foi aquele dia que já não tinha há muito: onde estão as coisas?! Onde está tudo?! E o frontal?! E o melhor caminho para chegar a Alcanena sem pagar portagem?! Saí de casa e voltei porque me tinha esquecido do necessaire. Quando estava em Travanca voltei a dar meia volta porque me tinha esquecido dos calções de banho. Em que casa estavam?!, é que isto de andar em mudanças não é fácil.
Uma hora depois da hora de saída e de ter apertado e desapertado os Shad da moto 500 vezes, lá consegui arrancar. Destino: Adventure Days.
O Adventure Days é um evento maravilhosamente organizado pelo Rui Baltazar e que este ano teve a preciosa ajuda do Pedrinha Motor Clube.
O local, a Praia Fluvial de Olhos de Água, em Alcanena, ali na nascente do Alviela. Um sitio lindo, arranjado e com um parque de campismo sobre o rio.
Depois de 200 km de asfalto, chegado a Alcanena, esperava-me o Marcio ( Sr. Presidente!),  e aos poucos foram chegando o Diogo ( Team Mate), o Kiko Garcia, e muitos e bons amigos que vamos fazendo nestas aventuras de moto. O Armindo e o Pedro, de outras aventuras motorizadas, também vieram, para juntar ainda mais emoção ao grupo.  Assim começou o espírito do Adventure Days: uma partilha de estórias, de camaradagem, do gosto pelas motos e o conhecimento que se adquire ao viajar; a partilha e a tolerância. Não há competição mas há tudo o resto.
A primeira aventura da aventura foi montar a tenda de campismo. Uma Monte Campo a estrear, verde escura e, até para um novato como eu, ficou pronta em menos de 10 minutos, praticamente sem ter chateado vivalma.
Segunda aventura: dormir numa tenda, ouvindo as rãs a coaxar, o som da água ao fundo e um céu estrelado. Não é o paraíso mas dá uma sensação de paz.
No sábado esperava-nos um percurso offroad, de 200 km circular, excelente para as bigtrails,  entre Alcanena e a barragem de Montargil, com rotas outrora usadas no Portugal 1000 e no Transibérico. Havia um pouco de tudo, desde calhau a areia solta, gravilha, uma terra com um pó fininho e inúmeras travessias de cursos e poças de água. Trilhos para todos os gostos e feitios, feitos a boa velocidade.
Mal começamos caí e o bom Diogo lá me foi ajudar a levantar a moto; no final do dia, numa descida com gravilha, voltei a cair. E mais uma vez o Diogo foi lá ajudar-me. Pelo meio, além de andarmos de moto, refastelamo-nos com uns petiscos regionais em Ulme.
Chegados ao acampamento, além de umas minis, uma reconfortante sopa-da-pedra oferecida pelo Marcio e o restante pessoal do Pedrinha. Estava divinal!
Com a força da sopa, no jogo do prego, houve um verdadeiro norte-sul, com a malta do norte ( eu, o Armindo e Pedro) a não darmos hipóteses à concorrência sulista, apesar de toda a batota que fizeram!
Durante a noite, a tenda abanou três vezes: "Quem vem lá?", era apenas o vento; e depois a chuva. Desconfortos de quem não está habituado a estas coisas.
Domingo, depois de um pequeno-almoço a acompanhar o troço de Fafe do Rally de Portugal, esperavam-nos mais 50 km desde Alcanena até às salinas de Rio Maior. Um percurso giríssimo, técnico, no Parque Natural das Serras de Aires e dos Candeeiros. Aqui mais uma peripécia, mais uma, daquelas que fazem as estórias terem piada: seguia o Armindo na frente, seguido pelo Pedro e Diogo e eu. Nós na retaguarda do grupo decidimos ir por uma alternativa que atravessava um ribeiro. Resultado: a minha moto ficou em pé enterrada na areia fina do leito. Queríamos ganhar tempo.. pois bem, foram mais de 40 minutos parados à espera que o Baltazar e toda a sua experiência me viessem retirar do local.
Chegados às salinas foi tempo de mais festa e convívio, de final de aventura. Num local do mais pitoresco que há, entre salinas e vendas de produtos regionais, um almoço abastado, foi tempo de abraços e de desejarmos boa viagem a cada um. Foi tempo de confraternização e de votos de um reencontro para breve.
Viveu-se o Adventure Days; que assim seja por muitos anos.






sexta-feira, 20 de maio de 2016

Rebelo Martins no Adventure Days 2016

João Rebelo Martins vai participar, este fim-de-semana, no Adventure Days 2016. Em moto, são 270 Km de aventura, emoção e adrenalina no ribatejo, em torno da Ribeira do Alviela.
O piloto que corre com as cores da eni, Vida Económica, fluidotronica, Loba, Clínica Pardelhas, Norfer, Eumel e as parcerias com a Nau Helmets, Hama Portugal, Motor Vision, Alpinestrars, Mitas, Agência Paraíso, Monte Campo, Quinta do Estanho e Oakley, na apresentação que fez do seu projecto desportivo para 2016, referiu que iria continuar as aventuras em motorismo, sendo o Adventure Days a primeira delas.
Para Rebelo Martins “ depois da minha primeira ida ao Egipto, em 2014, e tudo o que realizei e concretizei em 2015, é impensável não abranger o motorismo na minha carreira e não envolver os patrocinadores e parceiros nesta actividade. É a vertente não competitiva do TT, mas que faço com grande espírito de aventura e em busca de locais lindíssimos e estórias que aumentam a história da vida”.
O Adventure Days é um passeio destinado a levar motos trails e maxi-trails ao seu habitat natural, num ambiente de grande convívio e camaradagem. É uma associação entre lazer e aventura, entre pessoas de todo o país que partilham a paixão pelas motos e pelas viagens aventura.

terça-feira, 8 de março de 2016

João Rebelo Martins contou aventuras egípcias

João Rebelo Martins esteve ontem, dia 6 de Março, na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, o certame de turismo mais importante de Portugal e com grande preponderância na Europa – a convite de Sua Excelência o Embaixador da República Árabe do Egipto em Portugal.
Depois de ter João Rebelo Martins realizado, de scooter, duas viagens pelo território egípcio, contabilizando aproximadamente 5.500 km, quase 5 semanas no território e visita a cidades como Alexandria, Marsa Alam, Ashuan, Abu Simbel, Luxor e Cairo, entre outras, o piloto oliveirense encantou uma plateia de centenas de pessoas que passaram pelo stand do Egipto, na BTL.
Entre musica e danças tradicionais, após apresentação de Iman Mahmoud – Adida Cultural e Turística da Embaixada da República Árabe do Egipto - pela voz e imagens de Rebelo Martins, os convivas ficaram a conhecer as maravilhosas praias egípcias e locais de mergulho no Mar Vermelho, locais históricos como Abu Simbel, Luxor, Sakara ou o Cairo, viram fotografias de paisagens lindíssimas um pouco por todo o país.
Quando foi questionado sobre a segurança nas viagens, Rebelo Martins foi perentório ao afirmar que se sentiu sempre seguro, quer quando se aventurou sozinho pelas cidades do Cairo, Alexandria e Luxor, como por todo o território.
“ Os egípcios são de uma natureza simples, humilde, e gostam de receber bem os estrangeiros.“

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

14.1.16 - Eindhoven

Na porta do museu da Philips pode-se ler algo como " 90 anos de design". E Eindhoven é isso mesmo: design, confundindo-se a história da cidade com as tendências das commodities desenvolvidas na cidade. Mas já la vamos.
Há muito que não viajava por estes lados e, por isso, já não estava habituado ao frio húmido que sobe dos canais e corta os ossos como se de um laser se tratasse. Quando saí do avião, afastando-me da aeronave e do calor que emana, o corpo parecia que ia enregelando, encolhendo, gastando toda a energia para se defender; depois habituou-se.
Do aeroporto ao centro da cidade fui de autocarro. Chegando, a imagem habitual da Holanda: centenas de bicicletas - meio de transporte favorito, económico e ecológico - criando uma serpentina estática e móvel por onde ziguezagueei até chegar ao outro lado da rua.
Atrás o transporte, à frente o futuro.
Eindhoven foi uma cidade fortemente fustigada na Guerra - invadida pelos alemães e bombardeada pelos aliados - e, por isso, salta à vista a modernidade do Plano Marshall, reflectido nos edifícios: casas, escritórios, lojas, museus, espaços artísticos; misturado com o que ficou de igrejas e os seus coloridos vitrais e pequenas casas que hoje constituem o centro histórico e de diversão por excelência: pedonal e com muita vida.
Como disse acima, a história da Philips confunde-se com a história da cidade e, por isso, almocei num restaurante modernista, no rés-do-chão do edifício Philips.
Com um hamburger e uma cerveja estava pronto para atravessar a rua e, nas primeiras instalações da Philips, dedicar parte da tarde a ver o museu.
Ao percorrer os corredores do museu e ao ver toda a evolução da marca tive a sensação que, anos antes, tive no museu da Mercedes em Estugarda: isto não é o museu da Philips, é o museu de uma parte importante do século XX, o século do povo.
O museu da Philips, além de mostrar como se construiram as primeiras lâmpadas, é um museu de commodities, de utensílios domésticos que todos tivemos nos nossos lares: desde a máquina de barbear ao leitor de CD, passando pelos rádios e televisões, gira-discos portáteis, aspiradores, gravadores de cassetes. Imaginem uma feira de artigos vintage, mas novos, e têm o museu da Philips; ou então, se preferirem, os Jetsons ou alguns filmes do 007.
A primeira parte do museu é uma viagem às casas do século XX.
Depois há o resto: nos anos 30 do século passado a tuberculose matava imensa gente, muitas pessoas ligadas à Philips. Dado isto, a empresa começou a aplicar a sua tecnologia à saúde, criando aparelhos de diagnóstico do mais sofisticado que existe. É negócio, claro; mas é investigação e inovação é, também, um importante contributo para a melhoria das nossas condições de vida.
Saindo da Philips, vagueei pela cidade até ao hostel. Vi gente animada, bebi cerveja e comi batatas fritas. Ouvi musica, tirei fotos a estátuas de bronze e a grafittis.
O meu hostel, central, com excelentes condições, estava povoado por um gato gordo, um cão simpático, uma tartaruga esquizofrénica e passarada. Na minha camarata, dois ingleses e um italiano; destino: Amesterdão e todas as liberdades que a Holanda oferecem.
Saí para jantar há hora em que todos já estão bastante "entrados pela noite". Carpaccio, fondue de queijo e um gelado por 15 euros, num restaurante de estudantes e atendido pela simpática Claire.
Antes de regressar ao hostel ainda fui a tempo de beber mais umas cervejas ao som de uma banda rock que tocava covers dos anos 80.
Escrevo do comboio, em direcção a Amesterdão. Para trás ficou Eindhoven, uma cidade que aconselho a visita, uma cidade que se confunde com a história de uma marca: Philips.
Sabem o que quer dizer o "P" do PSV Eindhoven?




domingo, 27 de dezembro de 2015

27.12.15 - Abrantes | Mora | Alcaçovas | Aljustrel | Ameixial | Faro

O sol brilhava no Tejo, estava cheio de vontade de andar de moto, reinando a boa disposição. A cantar qualquer coisa do Jorge Palma, foi com rapidez que alcancei Ponte de Sôr, Montargil e Mora.
Entre Ponte de Sôr e Montargil, pelo "pequeno" jacto privado estacionado no aeródromo, as casas e condomínios sobre a albufeira da barragem e alguns carros, parecia que estava na Suíça.
Em Mora,  ao entrar na vila, tive uma visão australiana: para divulgar o fluviário, colocaram na estrada placas amarelas com as espécies que se podem encontrar nos rios, a exemplo do que se vê com cangurus, crocodilos e tubarões, na Austrália. Muito giro!
Também em Mora tive a primeira paragem demorada do dia: encher o depósito e contar a razão da minha viagem à gasolineira, cujo sobrinho tem um carro muito bom e também anda muito depressa até chegar ao Algarve.
Moto atestada de gasolina, foi tempo de rumar a Alcaçovas. Não sei por que razão, fiz esta parte do percurso muito mais devagar do que tinha vindo até então.
A partir daqui comecei a ver algo que gosto muito: o montado. Aquilo que deveria ser a agricultura portuguesa, a bem da qualidade e sustentabilidade: o sobreiro, o porco e os restantes animais. Num ecossistema perfeito, numa simbiose única que se nota na qualidade dos produtos que chegam à nossa mesa.
Em Alcaçovas, dado o programa da SIC Notícias " Ir é o melhor remédio", com Teresa Conceição e Martin Cabral, procurei o Museu do Chocalho. " Fechado, é domingo". A fábrica, igualmente fechada.
Queria um chocalho, agora que é património imaterial da humanidade, e consegui que um senhor me fosse abrir a sua loja para eu comprar um. Usado, mais bonito que os novos que ainda brilham muito. " Sabe, eu também fabrico mas não faço publicidade disso", disse-me o senhor a medo.
No Torrão tirei fotos na entrada da vila, junto à fonte; a partir de Odivelas, mas especialmente depois de Ferreira do Alentejo, o vento foi muito, provocando alguns calafrios: ora era um travão ora me empurrava lateralmente.
Depois de Ervidel, junto à Barragem do Roxo, vi um grupo de caçadores. Era hora do almoço e parei a perguntar onde podia almoçar bem e produtos regionais: "entra em Aljustrel que é tudo bom". Fui ao Cabecinha.
De entradas serviram-me um paio de porco preto e salada de ovas. O paio estava magnífico. Depois, uma sopa de cação, com muito pão, coentros e duas postas generosas de peixe. Um sabor divinal!
Depois de almoço, em vez da sesta, fiz-me à estrada.
Com o vento forte, queria passar rapidamente Castro Verde e Almodôvar e entrar na Serra do Caldeirão, para estar mais abrigado. Assim foi.
Quando comecei a subir o Caldeirão, o vento parou. Com as curvinhas do Caldeirão, senti-me um Rossi, com a bota a roçar a estrada por diversas vezes, num carrossel estonteante. Sobe e desce, curvas abertas, rápidas e curvas apertadíssimas, feitas em 2ª e 1ª velocidade, com o joelho a ir ao chão. Loucura, bem dizia a placa que esta estrada á património!
Não sei se é o destino, se é feitio ou o meu medo de ficar sem gasolina: a exemplo de todas as vezes que passei aqui de carro, parei na bomba de gasolina do Ameixial onde, o mesmo gasolineiro com um casaco do ACP Rali de Portugal, me serviu. Mais dois dedos de conversa antes de rumar a Faro e ao marco número 737.
Perdi-me em S. Brás de Alportel - não havia indicações da N2 - em Faro tive que atalhar devido às obras na cidade mas cheguei ao dito cujo marco.
Que alegria! Parecia que tinha ganho uma corrida.
Foi um marco, foi um check no meu mapa de viagens.
Aconselho vivamente a fazerem este percurso, de moto, carro ou bicicleta. Aproveitem.
Uma estrada que tem 737 motivos de interesse, que passa por localidades lindíssimas do nosso Portugal.
Eu fiz em dois dias porque conheço a maior parte dessas localidades; mas pode demorar uma semana ou mais, sendo que há tanta coisa para ver, ler, comer, beber, viver. Passei por 10 distritos, inumeras aldeias, vilas e cidades. Vi aves de rapina, cegonhas, pardais, garças, porcos, vacas, ovelhas, cavalos. Estive na serra e no campo, cruzei o Douro, Mondego, Zêzere e o Tejo, apenas para referir os maiores. Passei imensas albufeiras e barragens.
Jogar com números e tirar fotos nos marcos desses números é um must: 100, 357, 555, 666, apenas para dar alguns exemplos.
Portugal tem, no máximo 561 km de comprimento, desde Melgaço ao Cabo de Santa Maria. A estrada tem 737 km, ou seja, quase duzentos quilómetros de curvas que acrescentam interesse.
Neste momento descanso no Stay Hotels de Faro. Central acessível, uma simpatia de atendimento, um bom banho e excelente cama: o luxo q.b. para um aventureiro solitário.
Abraço, amanhã regresso a casa.