Domingo; o sol ia crescendo timidamente e a temperatura parecia querer subir. Mas o corpo pedia acção e a acção estava de onde o sol vem, para a serra.
Preparei a Monte Campo nova, azul e cinza, com 30 litros, e fiz-me à estrada.
N1 até Albergaria para, depois, subir o Vouga. A estrada estava escorregadia e não permitia grandes veleidades; o sol penetrava os ramos e as folhas das árvores e criava uma atmosfera acolhedora.
Com tanta curva-contra-curva, a fome apertou e a primeira paragem foi para um café e um pastel, no Café Central de Vouzela. Uma delícia, como sempre.
Bom almoço e cedo, em Cambra? Ou almoço onde der e à hora que for?
Como a ideia era passar Castro Daire, não acontecendo como da última vez, decidi continuar viagem.
Passar S.Pedro do Sul é recordar a infância, é recordar passar nesta mesma estrada a caminho de Penedono ( o destino final), é lembrar-me da subida de paralelos com as vendedoras de laranjas, do Peugeot azul ( ou cinza, depende do ano), do carro cheio de castanhas e batatas, coisas "que a terra dá".
Asfalto bom e um percurso de grande beleza entre S. Pedro do Sul e Castro Daire. Com o tempo seco dos últimos dias, as árvores mantém as folhas e dão um colorido outonal a todo o cenário: amarelo, laranja, vermelho escuro.
Como é bonito o nosso país!
No alto da serra, onde a a N226 dá lugar à N225, junto ao cruzamento com a N2 e a A24, desci por uma rua estreita e íngreme que me levou à praia fluvial da Folgosa.
Que encanto. Uma água límpida, cristalina, que o frio ajuda a tornar ainda mais brilhante. Cavalos e um rebanho, uns pássaros a bebericarem na água. Com passo certo, um conjunto de pedras ajudam a atravessar o rio Paiva, a caminho de Santiago.
De lá, com a fome a apertar, o destino foi Vila Nova de Paiva.
"- Onde posso encontrar um restaurante de comida tradicional?
- De onde?".
Não havia arroz de míscaros e o cabrito já tinha sido um jovem rebelde, há algum tempo.
Em Vila Nova de Paiva subi, por um empedrado, cheio de musgo, à capela de Sto. Antão e ao miradouro. Eólicas, um miradouro para as eólicas. Triste país este.
Com o espírito de Aquilino, envolto no ventre de nevoeiro, rumei ao Freixinho, mesmo ao lado da barragem de Vilar.
O repouso foi no Hotel Rural Convento Nossa Senhora do Carmo, um convento restaurado, com uma bonita sala de jantar ornamentada com um grande espelho. Quartos com uma decor condizente com o convento e o local ideal para uma escapadinha com a companhia certa.
Por falar em jantar, aventurei-me no meio do nevoeiro e fui até Moimenta da Beira, provar o Bacalhau à Cabicanca. Muito bom!
Sem comentários:
Enviar um comentário