No alto de Sernancelhe, um santuário do que remonta ao Sec. XV, edificado da rocha com rocha, protege a imagem da Virgem Maria, datada do Séc. IX. Conta a lenda que uma menina muda, entrando numa gruta, encontrou a imagem escondida por religiosas, cinco séculos antes. A sua devoção foi tal que a Virgem deu-lhe o dom da fala.
De lendas vive aquela região e eu juro que comigo ficam os segredos lá passados; lendas ou não.
Depois da fonte das três bicas e de ver a nascente do Rio Vouga, o caminho de infância continuou: Penedono.
Na estrada estreita, ainda antes da Beselga, olhando para o alto já se vê o esguio castelo.
De xisto e granito, despido, com a excêntrica forma de trapézio e com ameias piramidais, lá no alto da vila medieval, vê-se a imensidão das Terras do Demo e a Corga, para meu regalo.
De Penedono o destino foi para norte, até à Pesqueira.

Depois do repasto, foi tempo de ir até ao Alto Douro Vinhateiro, descendo até Pinhão.
Da ponte de ferro, tão característica na nossa paisagem pós revolução industrial, vê-se o Douro e o Pinhão a abraçarem-se: um forte e outro mais fraco mas sempre juntos, mantendo um equilíbrio perfeito e uma harmonia com a pequena vila do Séc. XIX.
Com o sol a baixar e a viagem a chegar ao fim, foi tempo de percorrer a bela N222 até à Régua, ao coração do Vinho do Porto.
Dois dias pela Beira Alta, aproveitando um fim-de-semana e ponte antes do feriado. Dois dias de regresso à meninice e infância. Dois dias que podiam ter sido de sonho, caso não os tivesse vivido.
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