segunda-feira, 15 de agosto de 2016

15.8.16 - O.Azeméis | Porto | Leça | Azurara | Vila do Conde | Póvoa | Esposende | Viana | Caminha | Baiona | Vigo | Cangas | Sansenxo

" Há quem goste de procurar Pokémon. Eu prefiro faróis." foi o que escrevi no Instagram no final do primeiro dia de viagem, nesta rota dos faróis.
Foram aproximadamente 400 km em mais de oito horas de viagem, levando o meu cavalo preto pela costa, saboreando a brisa marítima, em busca de faróis.
Freud diria que eu busca algo fálico; eu digo que busco construções extremamente importantes para os viajantes marítimos. Tão importantes que os há fortificados: quem detiver o controlo da costa, poderá utilizá-la para receber barcos ou para os fazer embater, inoperalizando-os. De Alexandria ao Mar do Norte, nos mares do sul ou do Oriente, as histórias e estórias de faróis multiplicam-se.
Posto isto, necessito de muito mais faróis que aqueles que me chegaram a sugerir: uns de um Alfa Romeo 156. Mas isso são outras estórias!
Eram 8 da manhã quando saí de Oliveira de Azeméis, rumo ao farol mais perto de casa, a norte: Foz do Douro. Com um nevoeiro espesso, muita humidade e frio, fui maldizendo a minha vida até ao momento em que tirei a primeira foto, em pleno pontão do molhe norte do Douro. Tinha começado a viagem!
Entrei no Porto pela Ponte do Freixo, desci à marginal e a Foz apareceu-me no correr do rio, ou seja, no sentido contrário ao dos barcos. Antes de chegar ao farol, passei nos farolins da Cantareira e das Sobreiras, assim como o Farol de São Miguel o Anjo.
Entre olhares indiscretos dos pescadores, atónitos pelo aspecto aventureiro da moto, com malas, autocolantes e a cadeira portátil, conduzida por um homem de casaco Alpinestar laranja.
Da Foz rumei a Leça, pela ponte móvel, sem antes cumprimentar o farol da Senhora da Luz, pouco mais à frente do actual farol.
Em Leça o farol impõe-se à paisagem, mesmo com os edifícios a sul e a  Petrogal a norte. É um edifício marcante para as gentes do Porto porque o passeio de domingo pelas praias de Matosinhos implicava uma passagem por ali.
Num percurso inverso ao que tinha realizado há um ano atrás, segui até Vila do Conde. Pelo meio o farol da Azurara, escondido atrás do parque de campismo, no meio da mata, ou, como me disseram,  " é uma coisa velha sem utilidade nenhuma".
É um farol estranho: uma parede vermelha e branca, com o topo triangular, onde contêm a lanterna.
De Vila do Conde, com um trânsito caótico, rumei à Póvoa de Varzim para ver o primeiro ( de uma série) farol ao lado de uma igreja. A fé dos homens do mar vê-se nestes pequenos gestos.
Continuando pelo trânsito veraneante em dia de Nossa Senhora, cheguei a Esposende. Na Foz do Cávado, marcado pelo tempo, uma casa senhorial com um azulejo da época indica o farol e, pelo seu aspecto, a importância que ele terá tido. Dando a volta, umas janelas de alumínio batidas pelo tempo e um estendal de roupa demonstram  algum desmazelo. Uma pena!
De trânsito em trânsito, Viana do Castelo estava engalanada para receber as festas da Nossa Senhora da Agonia. E é na capela da Nossa Senhora da Agonia que podemos encontrar um farol, com a edificação atrás e um pouco mais alta que a torre sineira.
Em frente, no forte junto ao porto, outro farol.
E o terceiro, o de Montedor, na Nacional 13, lá no alto,  faz a triangulação entre Viana e Caminha.
No Ínsua, na foz do Minho, lá na pequena ilha, encontramos o último farol português a norte. Não o visitei porque entre barco e outros preparativos teria pelo menos 3 horas. Assim, ficou para uma próxima viagem.
O ferry em Caminha não opera à Segunda-Feira e, por isso, fui a Cerveira cruzar a ponte para a Espanha. A meio da ponte, na placa da CE que indica a fronteira, azul com as estrelas amarelas e o nome do país ao centro, "Espanha" aparecia riscada e em seu lugar, a pincel, "Galicia". Naquele momento tive a perfeita noção que estava em Espanha!
No porto de A Guarda, junto a todas as marisqueiras onde proliferam portugueses como cogumelos, comprei um cacete e uma cerveja. No seu interior, sentado numas escadas que davam para o azul claro do mar, comi um bacalhau assado da Liporfir. Uma delícia!
De A Guarda até Baiona, num zigue-zague rápido entre a escarpa e o mar, finalmente sem trânsito, diverti-me com a moto.
Ao chegar ao Cabo Silleiro, lá no alto, vigiando o Atlântico. Que imponência!
Até Vigo, mais trânsito e, escondido no meio da vegetação acima da estrada, o farol do Cabo Estai.
Descendo até Bouzas, onde normalmente apanho o barco para ir mergulhar, o farol de Vigo. Simples, um pouco corroído pelo tempo e onde a ferrugem e o vidro lhe dão um ar de instalação artística.
Os grandes faróis de Vigo encontram-se nas Ilhas Ciés, a algumas milhas náuticas para sudoeste da cidade.
Assim, segui pela recortada costa visitando praias onde já mergulhei: Liméns, Aldán.
Lá no alto, seguindo por uma estrada até Cabo Home e, depois, prosseguindo por outra estrada em terra batida até à Punta Sumalvido, em cima das arribas de praias paradisíacas, encontramos três faróis: Cabo Home, Punta Robaleira e Punta Subrido.
Lindo lindo lindo!
Uma vista de cortar a respiração, com as Ciés à esquerda e as Ons à direita.
Saído com a vista cheia de tamanha beleza, foi hora de voltar a tirar prazer da moto: primeiro pela estrada de terra batida. Depois na descida até Aldán e Buéu, levando uma R1 colada ao meu escape.
Com os faróis de Pontevedra instalados na Ilha de Ons, fui aproveitando o pouco sol que restava para fazer quilómetros pela recortada costa galega.
A chegar a Sansenxo, com inúmeras recordações de infância, decidi parar.
No primeiro hotel decido regatear o preço. Nada feito.
No segundo também não tive sucesso mas já só queria um banho e uma cama.
Estou no La Terraza, no centro, edificado em 1917. Quero ver se depois de ter escrito o nome deles aqui se me convidam para a festa do centésimo aniversário!






 

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