sexta-feira, 12 de agosto de 2016

8.8.16 - Sintra | Cascais

Sintra é uma terra mítica: Byron e Eça escreveram magistralmente sobre ela, encantou Ferreira de Castro e Lou Reed; tem o Lawrence`s na Vila e, lá do alto, espreitam a Pena, os Capuchos, a Regaleira.
Sintra é uma terra de sonho e para quem, como eu, viu o rali de Portugal praticamente desde que nasceu, Sintra é uma terra nostálgica: o ecoar dos motores dos Porsche, Fiat, Audi, Lancia; Röhrl, Toivonen, Blomqvist, Vatanen não seriam quem são se, inevitavelmente, os seus nomes não estivessem igualmente ligados aquele enclave verdejante e rochoso, entre a região saloia e o Oceano Atlântico.
Passado o Autódromo, poucos quilómetros à frente, virei à esquerda para a Lagoa Azul.
Viseira fechada; rotação da Transalp no red line; 5, 4, 3, 2, 1: partida!
Descer a fundo para a Lagoa Azul, aproveitar a estrada toda, fazer trajectória, travar com o punho para, quando inseria a moto na curva, dar um toque com o travão de pé para a fazer escorregar. No "s" direita-esquerda pensei "foi aqui" - e não existe um memorial ou uma simples placa; ervas que crescem na berma e que tentam tapar a memória de um dia que mudou a história do desporto automóvel.
No final da descida, com a barragem do lado direito e garranos do lado esquerdo, foi tempo de embalar a moto porque a subida ia ser longa. O vento soprava no novo NAU N90 entre as 6.000 e as 7.000 rotações; trocar de caixa, mais uma com um grito rouco do metal.
No cruzamento para os Capuchos, entre muros e a floresta de aveleiras e azevinho, mais uma vertiginosa viagem até ao saca-rolhas da Pena.
Sintra pode ser muita coisa e, para mim, é também isto: velocidade.
E foi com velocidade que passei a vila, cheia de turistas e autocarros e tuk tuk; cruzei a serra e fui em busca de outra Sintra: a das praias, das escarpas, de faróis e vista até onde o horizonte alcança.
Nas Maçãs, não as Maçãs que conheci pela pena de Lobo Antunes mas outra bem mais multicultural e popular, entre banhos de água gélida, uma montra cheia de lavagantes e lagostas, bichos de perdição.
Na Praia Grande, uma cena que se repetiu..
Descendo para a Adraga, mesmo a chegar ao minúsculo parque de estacionamento da praia, um caminho pedestre do lado esquerdo apresentou-se como a forma de chegar às praias de Caneiro, Ursa e à maravilhosa vista sobre o Atlântico, lá do alto das escarpas.
Com uma bigtrail, no seu terreno de eleição, foi com facilidade que transpus os quase 2 km de subida entre calhau e pista de areia barrenta.
Lá do alto uma vista de cortar a respiração; com duas cadeiras de plástico deixadas por alguém, para um confortável contemplação.
Com os olhos e a alma repletos, com o sol a baixar do lado direito, foi tempo de fazer a estrada do Cabo da Roca - imortalizada por James Bond - e ver o sol a beijar o mar no Guincho. 
Vale a pena ir. Muito!
Sem emoção e para ficar confortavelmente instalado no Penha Longa ou viver as aventuras do Eça no Lawrence´s... a Agência Paraíso trata de tudo.




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