segunda-feira, 17 de agosto de 2015

15.8.15 - Jabiru | Coolinda

Uma vez mais escrevo debaixo do manto estrelado, dentro do Parque Nacional de Kakadu, num parque de campismo em Cooinda.
Pouco mais de 50 Km distanciam Jabiru de Cooinda; mas o dia de hoje e a sua extensão é muito superior a isso.
Começamos o dia a ir à mina de urânio do Ranger. Das imagens aéreas que tínhamos visto parecia um local interessante, um abismo cinzento escuro onde não se via o fundo, e uma das maiores minas de urânio do mundo. Chegados lá, muitos "Danger" e não se viu nada. Da mina seguimos para norte, até Ubirr, sempre em estrada de asfalto.
As Wet Land estão na época seca e, por isso, passamos imensos riachos e rios sem nenhuma água ou aspecto que lá tenha existido. Mas as marcas na estrada, idênticas às marcas com a altura da neve, são impressionantes. Na altura da monção, muitos dos sítios onde passamos estão completamente submersos, com mais de dois metros de água.
Em Ubirr coloquei as perneiras da Monte Campo e fomos fazer dois percursos pedestres; um paralelo ao East Alligator River, onde pudemos ver os morcegos - enormes, do tamanho de coelhos - a dormirem nas árvores de cabeça para baixo e alguns crocodilos que andavam calmamente rio abaixo rio acima.
O segundo percurso foi para ver pinturas rupestres com mais de 6.000 anos; tantas e tão perfeitas como se tivessem sido feitas ontem.
Neste percurso subimos a um ponto elevado e tivemos a percepção da extensão das Wet Land.
Entretanto era hora de almoço, não só para nós!
Voltamos ao local da primeira caminhada para, numa zona em que o rio e cruzado por uma estrada submersa, fazendo uma espécie de barragem, vermos o barramundi - um peixe cinzento com mais de meio metro de comprimento - subir o rio. Ao mesmo tempo que o peixe tenta subir, dezenas de crocodilos e alguns pescadores tentam detê-lo, num autêntico festim.
Assim, como num qualquer rali, centenas de pessoas acomodam-se nas margens, de farnel, "perto da emoção, longe do perigo", a ver a agilidade do réptil a apanhar o peixinho e a ouvir os dentes a esmagar a espinha do dito cujo com a facilidade que nós esmagamos uma bolacha de água e sal.
Da parte da tarde fomos por uma estrada de terra batida até Gubara. A ideia era ver uma espécie de piscinas naturais junto ao Burdulba Creek.
Depois de 9 Km de carro e mais 3 Km a caminhar, chegamos a um sítio deserto, inóspito, que tinha tanta água como o jacuzzi de Airlie Beach. Mas uma areia tão branca, criando um cenário magnífico. A vontade de experimentar aquela água era ais que muita mas havia sinais por todos os lados que podiam haver "olhos de vidro".
Nova caminhada até ao carro, com uma temperatura a rondar os 39ºC, seguindo-se, depois, para Nourlangie.
Nourlangie é um pântano onde andavam centenas de pelicanos, patos, garças e outras aves das mais variadas cores.
Tudo calmo e sereno, com os pelicanos a nadarem todos juntos, formando um grande círculo; os patos andavam em linha.
De repente todos levantam voo e vimos, lá no meio, a boca de um crocodilo a devorar o que se atrasou a dar às asas.
Antes de irmos para Cooinda ainda houve tempo para ver mais aves em Yellow Water. à conversa com um pescador fiquei a saber que na época seca, com a concentração da bicharada nos poucos rios que sobrevivem, quase não há peixe para os humanos; e o controlo dos rangers do parque quanto à quantidade e tamanho do que é pescado é muito rigoroso.
Aqui estamos em Cooinda, a dormir num contentor dentro de um parque de campismo e de caravanas. Não tem a animação do de Uluru nem as condições do de Jabiru; é o que há.
Tal como os crocodilos, jantei barramundi. Grelhado, acompanhado de batata frita, molho tártaro e um Sirah branco. Um peixe seco e duro; se eu fosse crocodilo e tivesse que comer aquilo todos os dias também andava mal disposto e com vontade de, de vez em quando, dar umas dentadas em carne fresca e saborosa.

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