Ontem à noite chegamos a Cairns, uma cidade na costa do Pacífico, famosa por ser em frente à Grande Barreira de Coral.
Depois de aterrarmos e termos carregado um Toyota gigante ao estilo de rapper norte-americano - branco pérola, com acabamento metal flake, vidros pretos e cromados a cobrir parte da frente - fomos directos ao apartamento e daí não saímos.
Hoje de manhã, bem cedo, estávamos todos equipados e a bordo do barco da Silver Crest, para irmos em direcção à barreira e cumprir um dos grandes objectivos da viagem ( para mim o 1º objectivo): mergulhar.
Por isso preparei-me junto do pessoal do CCD e, desde já vos digo, que sem vocês esta viagem não teria sido a mesma. Obrigado!
Três mergulhos programados e como Master Diver tínhamos um inglês engraçado, com umas barbatanas com um azul celeste, meio estranhas, e que barbatenava de costas para nós para ter a certeza que estávamos todos juntos. Pelas características do Master, pelas parecenças com outro que conheço, os mergulhos só podiam correr bem.
Assim, de fato curto, com a Liquid Image na mão e a outra mão a segurar a mascara e o regulador, saltei para o Oceano Pacífico.
Água a 23ºC e uma visibilidade a rondar os 20 metros, para os três mergulhos. O primeiro mergulho, o mais fundo, fui a 19 metros de profundidade, mergulhando num aquário de água quente: corais de variadas cores, peixe-borboleta, peixe-papagaio que, apesar das suas cores vibrantes como um arco-íris, têm uns dentinhos prontos a furar o coral e, imagino, a carne humana. Levava a minha lanterna que normalmente uso para ir procurar polvos nos buracos; quando me ambientei a tudo aquilo e decidi utilizá-la, logo no primeiro buraco que apontei, vejo a boca aberta e olhos pequenos de uma moreia. Ai, cavei dali para fora num ápice.
Lição de vida: não procures o que não queres encontrar.
Passados poucos segundos, ao som das esferas do Jason, todos olhamos para ele, vendo-o a fazer uma crista com as mãos em cima da sua cabeça. Uns metros mais à frente, por cima de nós, um peixe cinzento, com o dorso branco, boca por baixo da cabeça, com dentes afiados e uma barbatana dorsal que, normalmente, chamamos tubarão. E passou e foi à vida dele.
Passados outros tantos minutos, veio ter connosco, calmamente, uma tartaruga verde.
Foram 47 minutos de grande diversão, tendo como buddy o meu melhor amigo. Haverá melhor?! Sim, ainda haviam outros dois mergulhos.
O segundo mergulho, num spot diferente, eu atingi a profundidade de 12,8 metros; havendo quem fosse mais fundo mas eu não gosto de andar a lamber o fundo como aqueles peixes do aquário. Neste mergulho acompanhamos o coral que formava túneis e grutas. Entravamos neles e, por três vezes, saímos em locais paradisíacos com correntes de água ainda mais quente, a apenas 4 ou 5 metros de profundidade, colocando a nu todas as cores possíveis e imaginárias. Neste mergulho, como espécie de peixe, a ressalvar, o peixe papagaio de cabeça achatada, com mais de 1 metro de cumprimento. A Ana e a Carmen viram um peixe leão, mas eu não tive essa sorte.
Foram outros 47 minutos de mergulho no Oceanário, aos quais juntamos 44 do terceiro e último mergulho.
Depois de um almoço a bordo: pasta com molho de feijões e frango, com camarões como sobremesa, saltamos pela última vez para o Pacífico com a botija às costas.
Depois de andarmos às voltas em torno de várias "montanhas" de coral de vermos conchas em que cabia um anão lá dentro, um nudibranquio perdido na areia - Sara e Sandra, este veio para vocês! -, dois fenómenos consecutivos: olhei para a esquerda e vi uma barracuda a passar em sentido contrário ao nosso; do lado direito, coisa rara, um cardume de shaded batfish. Quase a terminar o mergulho, dois peixe-harlequim e alguns peixe-tigre-titã.
Para finalizar, até parecia que o Master sabia onde eles estavam, peixe-palhaço, mais conhecido por Nemo.
Que maravilha de dia!
O regresso a Cairns, no barco, foi a contar as aventuras e aver as fotos e filmes de cada um.
A vida tem coisas fantásticas!
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