Uluru foi tão mágico que nem vos contei o resto.
Ficamos a dormir no Outback Pionner Lodge, um hostel preparado para caminhantes e pessoas que atravessam o deserto, muito ao estilo militar: casernas com tecto de zinco, banho quente e barbeque.
Ainda bem que o banho era a escaldar porque a temperatura ia descer aos 3 ºC!
O barbeque era comunitário; ou seja, cada um comprava a sua carne e ia grelhar a seu gosto. O acompanhamento estava incluído com a carne mas a cerveja era à parte. Comprei crocodilo; não estava tão bom como um que comi na Sony Platz em Berlim ou, posteriormente, na Tasquinha Alentejana em Cucujães mas estava bom e fui eu o homem do meu churrasco.
Às 6:30 da manhã estávamos na estrada para ver o sol nascer nas montanhas de Kata Tjuta, também consideradas sagradas pelos aborígenes.
Entre Uluro e Kata Tjuca não existem elevações e, apesar dos 40 km de distância uma da outra, são perfeitamente visíveis. Depois do nascer do sol na montanha, caminhamos um pouco em torno dela, pelo caminho do Karu, no Valley of the Winds.
De Ayeres Rock ao Kings Canyon, o nosso destino, eram mais ou menos km em pleno deserto australiano. Com as expectativas no máximo para vermos cangurus, camelos e cobras a atravessarem-nos à frente, fizemo-nos à estrada. Wild life here we go!
Se Uluru é mágico, Kings Canyon é a verdadeira obra de deus. Como qualquer falha geológica, como qualquer desastre da natureza, cria cenários únicos, brutais e belos.
Caminhamos durante 5 horas pelos 6 km de caminhos permitido no Canyon, onde vimos as placas tectónicas de cima e de baixo; olhei para o abismo e senti a vertigem de me sentar sobre ele, sem nada entre mim e o chão, centenas de metros lá em baixo.
Se Uluru é mágico pela santificação que os locais lhe deram, Kings Canyon esmaga-nos com a sua dimensão e pelo alaranjado da rocha que funciona como uma verdadeira pilha.
À noite, a olhar para o céu, com a Via Láctea e as suas 1000 constelações, vi, uma vez mais, quão ínfima e a nossa realidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário